Na linha de frente das diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, os dois lados podem sair ganhando durante os tempos de trabalho remoto. Muitas organizações já perceberam a importância disso e têm incentivado cada vez mais convívio.

 

A pandemia da Covid-19 provocou o relacionamento ainda mais próximo entre casais também no exercício de suas atividades profissionais no dia a dia, o que vem gerando alguns conflitos domésticos por um lado.

No entanto, também há quem fale sobre oportunidades de aprendizados e quebras de barreiras entre o que é considerado, usualmente, uma atividade ligada ao universo masculino e aquelas outras mais ligadas ao espectro das mulheres no mundo do trabalho.

 

Diferenças entre homens e mulheres

 

Pesquisa realizada em nível mundial pelo psicólogo holandês Geert Hofstede evidenciou diferenças entre culturas consideradas mais femininas versus as consideradas mais masculinas.

Segundo a pesquisa, numa cultura masculina, o caráter distintivo é viver para trabalhar, enquanto nas culturas femininas é trabalhar para viver. Entre os valores dominantes de culturas masculinas está o sucesso e o progresso material, a competição entre colegas e a possibilidade de enfrentar novos desafios. Já em culturas femininas, destacam-se valores como o cuidado e atenção pelos outros, a intuição, a solidariedade e a qualidade de vida no trabalho.

Essas diferenças comportamentais podem estar sendo reduzidas e mesmo aproximadas com a convivência de casais em home office. Os maridos estão tendo a oportunidade de  experimentar a importância da convivência com os filhos e  as mulheres têm podido se dedicar a atividades de cunho profissional que, antes, não conseguiam encaixar em suas agendas, como expandir seu networking com a ajuda da tecnologia.

É o que nos conta Juliana Gebrin Simonetti, gerente de Comunicações para a América Latina da Solenis, empresa de produtos e serviços para o setor químico, com sede em São Paulo (SP) – e cliente do Grupo Trama em Comunicação Interna.

 

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Fernando, Bernardo e Juliana: aprendizado diário sobre equilíbrio entre família e trabalho em tempos de home office integral

 

Casada com Fernando Simonetti e mãe do Bernardo, de quatro anos, Juliana já vinha experimentando o trabalho em home-office em, ao menos, dois dias na semana. Só que antes, trabalhava em casa, sozinha, e agora divide o espaço com o marido e o filho, o que exige, segundo ela, um esforço considerável de disciplina.

Como ponto positivo de trabalhar em home-office em tempo integral Juliana cita o fato de não gastar mais tanto tempo no trânsito (chegava a perder três horas em deslocamentos) e, dessa forma, conseguir ser mais produtiva e se dedicar à família com mais qualidade. Como ponto negativo, por outro lado, cita a dificuldade de equilibrar trabalho e família.“É preciso um esforço considerável de disciplina para separar as coisas, o que nem sempre é fácil”, comenta.

Com a economia do tempo antes gasto no trânsito, Juliana percebeu que tem conseguido participar de reuniões de trabalho com mais assiduidade e estar à frente de algumas atividades nas quais antes nem se envolvia por falta de tempo ou energia.

 

“Estar envolvida com as tarefas que vão além da minha responsabilidade como gestora de Comunicação – hoje sou facilitadora no Grupo WINS [1] e membro integrante do Comitê de Diversidade e Inclusão da América Latina e do comitê de gestão de crise COVID-19, instaurado por conta da pandemia –  tem me dado mais visibilidade dentro da empresa e proporcionado ampliar meu networking”, completa.

 

Essa oportunidade de poder equilibrar melhor as atividades profissionais com as atividades familiares tem contado com o fato de que seu marido, por outro lado, passou a assumir totalmente algumas atividades que antes eram feitas pelos dois.

 

“No auge da pandemia, além de dividirmos as responsabilidades com a casa, principalmente as que envolvem nosso filho Bernardo, foi exclusividade dele sair de casa para realizar as tarefas essenciais, como compras no supermercado e farmácia”.

 

As diferenças como cada um lida com o trabalho têm sido um aprendizado para Juliana. “Considero-me uma pessoa mais focada e disciplinada na realização do meu trabalho do que meu marido, que, por ter empresa própria, tem mais flexibilidade de horário do que eu”. Com isso ganhou prioridade de uso do espaço da casa dedicado ao escritório. “Antes da pandemia ele usava muito mais o escritório do que eu. Hoje, eu uso 80% do tempo”.

 

Agenda preservada para fins pessoais

 

Mesmo tendo percebido que houve um ganho em termos de dedicação à sua carreira, Juliana acredita que ainda assume mais os cuidados com as atividades escolares do filho Bernardo do que seu marido. Porém, encara como uma possibilidade de acompanhar a evolução do filho mais de perto.

Disciplina e qualidade de vida, aspectos considerados femininos, vêm se destacando como essenciais para reduzir as diferenças entre homens e mulheres com relação às suas responsabilidades domésticas e profissionais.

Algumas regrinhas básicas são seguidas por Juliana para manter essa disciplina e buscar o equilíbrio sadio entre vida profissional e pessoal, como não abrir o computador nos fins de semana e travar a agenda no horário do almoço, para estar com o filho e desfrutar de uma refeição completa.

Com relação ao seu trabalho na empresa, afirma que ficou evidente a importância de uma equipe empática e que pratique a confiança mútua: “Na Solenis, estreitamos nossos laços de confiança e formamos uma equipe de alta performance atuando 100% online”.

 

[1] O Women’s International Network of  Solenis (WINS) foi criado para desenvolver uma cultura empresarial que atraia, retenha e desenvolva mulheres talentosas. O WINS é uma rede virtual global inclusiva que desenvolve conteúdo para todos os funcionários, por meio de treinamentos, capacitações e análise das melhores práticas de mercado.