A palavra metaverso foi criada em 1992 pelo escritor norte-americano Neal Stephenson, que se utilizou do termo para descrever a relação dos personagens de seu livro “Snow Crash” com o mundo virtual na fuga de uma realidade distópica.

Assim, o que era ficção passa a ser uma realidade cada vez mais próxima e concreta. Esse novo mundo virtual torna-se um espaço de parcerias com o físico, onde avatares vão interagir virtualmente e presencialmente através de ações de ativações de realidade aumentada/ampliada.

Para Mark Zuckerberg, o metaverso existe em espaços virtuais, onde você pode criar e explorar com outras pessoas que não estão no mesmo espaço físico que você, algo bem amplo para o tamanho do universo cibernético e bem vago se comparado ao propósito do mundo virtual.

Já o escritor Matthew Ball, em seu livro “Metaverse Primer”, apresenta uma definição onde o universo meta se constitui tal qual “uma rede persistente, de mundos e simulações renderizadas em tempo real e 3D, que oferecem identidade contínua a objetos, histórias e direitos que podem ser experimentados de forma síncrona por um número ilimitado de usuários, cada um com sua presença individual”

Segundo o arquiteto de softwares e analista de tecnologia da informação da Universidade Federal de Juiz de Fora, Cristiney da Costa Campos, não podemos sintetizar todos esses conjuntos de ideias e possibilidades que ele representa em um único conceito, pois todos os caminhos indicam o mesmo sentido e esse por sua vez é amplo e vasto.

 

O que encontraremos no metaverso?

Podemos dizer que encontraremos de tudo. Trata-se de um ambiente similar a nossa vida real e que irá impactá-la diretamente, seja nas relações de consumo, de comunicação ou na economia. Nesse novo mundo, teremos desde um simples abridor de latas a uma casa toda equipada com os melhores produtos do mercado conectados à sua casa real, assim como peças exclusivas de grandes designers de moda a obras de artes.

Mas isso será realmente nosso e poderemos usar no mundo físico ou ficará apenas no virtual?

Sim, será tudo nosso!

O que só é possível em virtude dos espaços real e virtual serem dominados pelos NFTs, ou seja, tokens não fungíveis de unidades únicas de dados, armazenados em blockchains que não podem ser substituídos por outros de mesma espécie, qualidade, quantidade e valor. Algo único e pessoal, de sua propriedade, porém super transferível, já que tais ativos poderão ser negociados, comercializados, trocados ou mesmo emprestados.

Metaverso e Comunicação

Vale alertar que esse mundo meta já abriu as portas para aproximar as relações de comunicação, as produções de conteúdos e estreitar os caminhos das mensagens estabelecidas entre emissor e receptor.

Para o coordenador de conteúdo do Grupo Trama Reputale, Michel Baptista, a comunicação e a disseminação de conteúdos nesse novo ambiente deixa de ser bidimensional a fim de se tornar imersiva, onde o usuário passará a interagir com a mensagem.

“A fusão entre o real e virtual possibilitará a disseminação de boas práticas para a comunicação, experiências de marca e o usuário passará a ser parte da construção da narrativa institucional. Um campo vasto para a comunicação interna, não é mesmo?”, comenta Michel.

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Michel Baptista, coordenador de conteúdo do Grupo Trama Reputale.

O novo ambiente será um campo muito fértil pois proporcionará oportunidades que hoje não são mensuráveis. Tudo devido à interação que o espaço nos permitirá. Logo, o que podemos dizer é que o metaverso será um terreno para construir relacionamentos diversificados em todas as esferas e trará inúmeros desafios para a forma de se comunicar e engajar pessoas.

As marcas no Metaverso

Atualmente, grandes marcas já utilizam o metaverso – ainda em construção – para se posicionarem e explorarem a convergência dos mundos físico e digital. Para Cristiney, esse é o momento para as marcas conquistarem esse espaço de mercado com grande potencial de consumo e realizarem testes, visto que o ambiente está em construção e permite experimentações.

Ainda para o arquiteto de softwares, é o momento das marcas e suas equipes de comunicação começarem a se mover e buscar espaços virtuais para as próprias empresas ou parcerias de hospedagem, onde possam realizar eventos e promover experiências, desenvolver itens e produtos para jogos ou realidades virtuais, começando a se posicionarem no universo meta, mostrando de forma interativa que não existe distância entre o real e o virtual por meio da aproximação dos dois mundos.

Em termos de comunicação com colaboradores, para ampliar reflexões, vale ler mais a respeito se aprofundar nos estudos, sobretudo por parte das lideranças de recursos humanos.

“Se pensarmos em processos de recrutamento e seleção, atratividade enquanto marca empregadora e retenção de talentos, podemos ter inúmeras experiências sinestésicas, levando as organizações para além do LinkedIn ou de portais como o Glassdoor. Porém, é um terreno ainda movediço, em construção e debate. Temos que seguir com cautela”, pondera Adriano Zanni, diretor de engajamento e comunicação com empregados do Grupo Trama Reputale.

Zanni alerta que o metaverso é algo novo que permitirá agregar e modificar as mensagens de forma constante e, no universo da comunicação corporativa, essas ações podem ser absorvidas positivamente para a construção e posicionamento das marcas assim como também podem destruir um branding já consolidado, gerando eventuais crises.

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Adriano Zanni, Diretor de Engajamento e Comunicação com Empregados do Grupo Trama Reputale

“Com elas, como mostram os estudos, as marcas ampliarão ainda mais sua interatividade e conexão com as pessoas. Por isso, as narrativas no mundo virtual devem seguir o que já executamos no ambiente real. Ou seja, alinhamento, consistência e uma visão integrada, antevendo múltiplos cenários de interação. Antes de mergulhar nessa onda, vale refletir que sua marca poderá ser acessada de qualquer lugar do mundo e ganhar visibilidade instantaneamente. Ótimo. Você poderá partir para níveis de personalização incríveis e gerar experiências positivas a um candidato, por exemplo, que busca um vaga de emprego em sua organização. Mas e se a experiência não for satisfatória? Qual a amplificação que isso ganha dentro do próprio metaverso? E mais: como isso é emprestado para o ambiente ‘aqui fora’, se é que podemos fazer tal distinção? Hoje, isso tudo está efervescente ainda. Então, planejamento e cautela”, conclui.

Quer saber mais sobre os estudos? Confira o áudio onde o arquiteto de softwares e analista de tecnologia da informação da UFJF, Cristiney da Costa Campos, comenta sobre o tema.

O que as marcas já estão fazendo no Metaverso

Show Rift Tour Featuring de Ariana Grande no Fortnite.

Loja da Renner no metaverso.

Ação da Balenciaga para o metaverso.