Bloquear, fechar, imobilizar, travar, impedir são palavras comuns que fazem parte de componentes mentais de travamento do desenvolvimento do pensamento racional, que podem barrar a solução de um problema.
Componentes emocionais, culturais ou perceptivos, juntos ou separados, bloqueiam o raciocínio, travando o roteiro de um pensamento que leve ao novo.
“As redes nervosas do cérebro permitem que as informações que chegam estabeleçam uma sequência de atividades. Com o tempo, essas sequências passam a ser uma espécie de caminho ou padrão preferido”, diz Edward de Bono

Os componentes emocionais impedem a exploração e manipulação de ideias por receio de falta de aceitação. Desejos intensos de segurança que sentimos nos levam ao medo de errar. Por vezes, preferimos julgar ideias em vez de gerá-las. É latente o desconhecimento dos recursos internos que cada indivíduo tem de si. As pessoas se acham incapazes e essa concepção que cada um faz de si mesmo leva ao medo do ridículo e da crítica. Bloqueios culturais originados pelo conjunto de padrões vigentes numa determinada sociedade, como a consideração da fantasia como perda de tempo ou apego demasiado às tradições, dando ênfase à razão e desvalorizando a intuição, são fatores que impedem o raciocínio criativo. E por fim, temos os bloqueios perceptivos, que dificultam a visualização de um objeto poder ter mais de uma função ou de reestruturar um problema vendo-o sob um novo ponto de vista. “O cérebro somente pode ver aquilo que está preparado para ver. Assim, quando analisamos dados somente podemos encontrar as ideias que já temos”, Edward de Bono.

Pensamento lateral

A palavra lateral se refere ao movimento através dos padrões, ao invés de ao longo dos mesmos, como no pensamento normal, segundo Edward de Bono.

Quando pensamos lateralmente, pensamos o diferente, saímos da linha do raciocínio corrente para um novo caminho. No pensamento linear ou no vertical isso não acontece.

Vivências estratégicas para gerar o desbloqueio

A palavra-chave para chegar ao desbloqueio é provocação. Destravando o pensamento, encontramos soluções diferenciadas e por vezes criativas. Criatividade é encontrar uma solução original com valor reconhecido. Podemos fazer essa provocação com vivências estratégicas, combinando, invertendo, adaptando, diminuindo, substituindo, exagerando, etc. Mudar a maneira de pensar não é fácil, mas com o exercício diário da provocação podemos nos acostumar a pensar o diferente. Se valendo dessas provocações, podemos promover o desbloqueio rumo a um estado mental a serviço do resultado desejado. “A solução do problema pode ocorrer depois de duas horas tentando resolvê-lo. Você faz uma pergunta que é exatamente o contrário da que orientava a abordagem anterior e isso resolve o problema”, diz o pesquisador Roger Von Oech.

Não se esqueça. O desbloqueio deve ter o foco no processo enquanto que a solução de problemas deve ter o foco no resultado. Seja curioso, aumente seu repertório, se auto provoque, mesmo nas coisas mais simples e quando um grande problema surgir você estará treinado e pronto para sair da caixa.