O líder é, hoje, apontam as pesquisas mais recentes do Trust Barometer e da Social Base, o principal canal de comunicação dentro das organizações, sendo considerado como o interlocutor principal para mensagem ser absorvida e transmitida com credibilidade. Ele representa a própria personificação da cultura da empresa e os seus valores e propósito e, ainda, tem a difícil tarefa de intermediar interesses, anseios, pedidos de ajuda, entre outras coisas, principalmente quando olhamos para a chamada média liderança.

Para o Gerente de Comunicação da Boehringer Ingelheim do Brasil, Roger Spalding, o líder tem a capacidade de construir a relação com seus liderados, fazendo que tenham aderência aos valores, enxergando a empresa com um propósito muito além do que as atividades que exercem.

“Normalmente, as pessoas trocam de empresas devido ao líder e não pela empresa, por isso temos que ter uma liderança de propósito, na qual eles não deem ordens e, sim, inspirem as equipes a serem melhores e efetivas em seus trabalhos”, conta.

 

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Roger Spalding, Gerente de Comunicação da Boehringer Ingelheim do Brasil.

Uma jornada também de autoconhecimento

Por mais que exista uma subjetividade em ferramentas para treinar lideranças, é possível desenvolver técnicas que estimulem de forma simples e objetiva a comunicação efetiva e a aproximação com os temas estratégicos, como Team Buildings, avaliações de desempenho, conversas one to one, feedbacks mensais e, até mesmo encontros, frequentes entre líderes e liderados de áreas distintas.

“Conhecendo bem sua audiência, entendendo como seu liderado reage a cada tipo de informação é um desafio constante que a liderança deve percorrer, pois com isso ela pode explorar a capacidade da equipe e saber enxergar o potencial de cada um, tornando-os mobilizadores e incentivadores dentro de seus times. É um esforço diário”, acrescenta Spalding.

O gestor ainda menciona que a comunicação é uma importante aliada para empoderar os líderes e que pode incentivar a vencerem as suas próprias travas, em uma jornada de autoconhecimento, preparando-os antecipadamente com as informações que precisam, de modo que se sintam mais instrumentalizados quando os integrantes das equipes questionarem alguma informação. “Quando dentro da organização temos papéis definidos e áreas especializadas, nós potencializamos nossa força como empresa e marca empregadora”, comenta.

Gente como a Gente

Saiba você: a comunicação vai acontecer em uma determinada organização existindo uma área de Comunicação Corporativa dentro dela ou não, afinal, o “não comunicar de modo alinhado e estratégico” também é uma ação comunicacional, uma escolha.

Então, é precisar focar nas prioridades estratégicas da companhia e em processos de escuta ativa do colaborador: o que ele precisa saber, quais suas demandas de comunicação reprimidas, como ele se sente na cultura organizacional que vivencia, por quais formatos ele deseja receber determinadas informações.

Vale lembrar também que a comunicação das empresas é um reflexo da sociedade. Ou seja, confiamos muito mais na informação quando é repassada por uma pessoa de nossa confiança do que quando ela é simplesmente vista ou acessada  em algum canal de informações. Por isso, a importância de uma liderança engajada para disseminar mensagens-chave institucionais e proporcionar a compreensão necessária acerca desses parâmetros.

Para o Coordenador de Comunicação e Responsabilidade Social Corporativa da Boehringer Ingelheim do Brasil, Bruno Zani, o público interno é influenciado 80% pela mensagem que recebe do líder.

“Se queremos que nossos veículos internos e que os nossos interlocutores sejam relevantes, precisamos pensar em duas variáveis: o que a empresa quer comunicar e o que o colaborador deseja receber”, comenta.

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Bruno Zani, Coordenador de Comunicação e Responsabilidade Social Corporativa da Boehringer Ingelheim do Brasil.

O fortalecimento dos líderes na pandemia

É fato que as organizações começaram a enxergar, ainda mais, a importância da comunicação interna frente à necessidade de manter os empregados conectados e engajados às estratégias e à cultura, sobretudo em ambientes de teletrabalho ou “anywhere office”.

Dessa forma, a comunicação através dos líderes ganhou um papel de maior destaque nos últimos 15 meses, uma vez que se mostra capaz de criar vínculos de relacionamento  e confiança, colocando tais agentes no centro do propósito da organização. “O líder é o responsável pela referência cultural da empresa aos seus liderados. Se ele não estiver alinhado com a, o time dele também não vai estar”, enfatiza Zani.

Bruno contou que a saúde mental dos colaboradores durante a pandemia é outro ponto que demandou ações por parte das lideranças, ainda mais para os times comerciais que tinham liberdade de trabalhar em qualquer lugar.

“Então, foram identificadas oportunidades de acolhimento junto às equipes, que estavam passando por essa situação. Deixamos sempre nossos colaboradores avisados sobre tudo o que estava acontecendo no mundo, inclusive com orientações para que todos permanecessem em suas casas, cuidando de si mesmos e de seus familiares. As lideranças precisaram também ser referência nisso, olhando mais para o equilíbrio emocional de todos neste momento”.

O gestor ainda relata um case recente da Boehringer Ingelheim no Brasil que lançou um programa com o intuito de aproximar a liderança com outros líderes e seus liderados. Conhecido como “Pausa para o Café”, a roda de conversa acontece mensalmente, em torno de uma hora de duração, abordando diversos temas da empresa, do mercado, do cenário pandêmico mundial, com conversas leves e ideias construtivas.

Outro trabalho entre líderes e liderados que a organização promove é o Focus to Accelerate, que é um processo global, onde ocorre um cascateamento das estratégias do negócio para todos os times. É uma ocasião muito ampla, com perguntas sobre o que a empresa está fazendo e o que os times podem fazer para alcançarem as estratégias estipuladas.

Roger Spalding explica que cada gestor conversa com sua equipe para que possam criar soluções e planos juntos, construindo então uma relação de confiança e motivacional.

Ouvir, ouvir e ouvir

O trabalho desenvolvido por líderes na global farmacêutica tem gerado bons resultados, não apenas em números, mas na consolidação da cultura organizacional. Isso se dá em razão da influência de todos eles sobre os colaboradores e também por conta da acessibilidade, atitudes de integração, comunicação e orientação, em um processo cíclico de escuta ativa.

Por esse motivo, acreditam Roger e Bruno, o papel do líder é ser exemplo e inspiração para os demais, guiando-os, conduzindo-os para o melhor caminho, seja para o desenvolvimento de carreira de cada um ou para obtenção dos resultados desejados. “Este processo de inspirar pessoas deve ser contínuo, trabalhado todos os dias e a qualquer momento. Para atuarmos na disseminação dos propósitos da organização precisamos antes ouvir ativamente, acolher visões e integra a todos em processos de gestão participativa”, finaliza Roger Spalding.