As ferramentas livres da internet são uma forma de fazer jornalismo? Como os grandes veículos lidam com os canais multimídia? Qual o atual cenário da cobertura digital? E o que muda com o fim da obrigatoriedade do diploma? Essas são algumas das questões abordadas no debate Jornalismo em Rede, que aconteceu no segundo dia da Campus Party 2010. A discussão reuniu os blogueiros e também jornalistas Marcelo Soares, André Deak, Maurício Stycer, Paulo Fehlauer e Eduardo Machado.

“Os princípios do bom jornalismo valem para qualquer mídia”, essa foi a declaração de Maurício Stycer sobre a utilização das ferramentas online para fazer jornalismo. Esse ponto foi confirmado por Eduardo Machado ao contar o início do blog que contabiliza os homicídios no estado de Pernambuco, “Somos quatro repórteres que lidam diariamente com a polícia em Recife. Sendo assim, criamos uma ferramenta de comunicação comprometida com a verdade e com objetivo de confrontar os dados do governo”, declara.

O fato de serem repórteres do Jornal do Comércio (PE) e produzirem conteúdo próprio aqueceu novamente o debate com a questão de como os veículos encaram os canais multimídia. Paulo Fehlauer é enfático ao afirmar que a grande imprensa já foi o único caminho, mas que agora é possível transmitir a informação com mais liberdade, de acordo com o trabalho que cada um faz. Já Stycer acredita que esse movimento ainda engatinha no Brasil, mas com progressos. “Antes, os sites eram alimentados por notícias empacotadas dos jornais, revistas, etc. Agora percebo que há um movimento crescente para a produção própria, com vídeos e equipes específicas”.

A discussão sobre a liberdade que permite que qualquer pessoa produza conteúdo caiu no ponto do fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo. E a mesa foi unânime: Todos são contra a obrigatoriedade. Marcelo Soares acredita que o jornalista se faz pelo o que produz e Paulo exemplifica com sua própria história. “Levei oito anos para me formar na ECA-USP, mas já trabalhava no mercado há muito tempo. Como tinha meu caminho, não seria um papel que mudaria isso”. Stycer ameniza a discussão dizendo que é a favor de uma formação básica, com conhecimentos técnicos para o exercício da profissão.