O Brasil ainda vive um ciclo de consumo de programação televisiva diferente dos países mais desenvolvidos. Estamos em uma etapa de crescimento no acesso e no tempo de permanência de televisores ligados, ao contrário de nações como os Estados Unidos, que registram queda na audiência, principalmente entre o público jovem.

Nosso cenário pode ser explicado pela chegada das classes C e D ao mercado de consumo, ao crédito fácil e às diversas opções preconizadas pela TV paga, fatores estes que, somados, possibilitam a existência, por exemplo, de mais de um aparelho televisivo por residência, criando nichos de telespectadores/consumidores em potencial que passam diariamente um tempo maior em frente à telinha.

Segundo números de 2013 do IBOPE, o brasileiro ficou 5 horas e 45 minutos por dia com sua TV ligada, um aumento de 13 minutos em relação ao ano anterior. O maior aumento foi verificado no público acima de 50 anos e também nas camadas mais pobres.

Quanto ao conteúdo, o que se percebe nesse cenário recente é que há uma grande pulverização da audiência, que tem migrado para a TV a cabo, com um crescimento de 33% somente no último ano. É notório acompanhar mensalmente a queda na audiência da TV aberta, principalmente em horários antes tido como nobres e que englobam o Jornal Nacional e a novela das 21h da Rede Globo, por exemplo, campeões nacionais de audiência e faturamento publicitário.

Complementando esse cenário, um  estudo divulgado pelo Google Brasil, no segundo semestre de 2013, indica que cerca 68% da população online assiste TV e acessa a Internet simultaneamente. A TV tem deixado de ser a única fonte de entretenimento para ser mais uma “tela” dentro das opções do brasileiro.

O que podemos tirar de lição desse cenário é que há um grande mercado para a segmentação no País. O avanço do conteúdo de canais a cabo, com foco em públicos pontuais é que tem o maior potencial de crescimento nos próximos anos. Tanto conteúdo como mídia deverão repensar suas estratégias e focar na criação de um branded content eficiente e diversificado. A Trama entende muito sobre essa produção de conteúdo de marca!

O grande desafio das emissoras será manter a forte presença de anunciantes (que são os responsáveis por praticamente toda a receita da TV aberta) diante de um público cada vez mais desinteressado em ficar esperando dois ou três minutos de comerciais sem dispersar.

A TV Cultura foi uma das pioneiras em fomentar a interação de mídias com a Segunda Tela, em que o internauta acessa complemento daquilo que está sendo discutido ou veiculado na “telona”. Esse cenário pode ser visto ainda como arriscado, uma vez que desvia a atenção do internauta do programa e, por consequência, de anunciantes. Mas, ao mesmo tempo, para os visionários, é a oportunidade de levar anunciantes e ações de ativação para uma outra plataforma, com jogos, perguntas, vídeos e outras interações.  Pense nisso conosco!