A importância do líder comunicador em processos de transformação

Toda mudança organizacional gera ruído. É natural: alterar culturas e estratégias implica rever símbolos, hábitos e crenças. Nesse contexto, o líder é a ponte entre o planejamento e a prática, entre o racional da estratégia e o emocional das pessoas. 

Líderes que comunicam bem ajudam a reduzir resistências, aumentar a clareza e alinhar expectativas. Eles contextualizam as decisões, explicam o “porquê” das mudanças e dão voz às preocupações legítimas das equipes. 

A pesquisa “Tendências da Comunicação Interna 2025”, realizada pela Aberje e Ação Integrada, revela que fortalecer a cultura e o orgulho de pertencimento (86%) e criar clareza sobre a estratégia (78%) são objetivos fundamentais — ambos profundamente ligados ao papel da liderança comunicadora. 

Estudo recente publicado pela Forbes (2025) destaca estratégias eficazes, como envolver líderes como estruturadores da mudança desde o início e comunicar claramente o propósito das mudanças. 

Desafios enfrentados pelos líderes durante processos de mudança

Apesar da relevância, muitos líderes ainda não estão preparados para esse papel. Faltam formação, segurança e suporte institucional. O estudo da Forbes mostra que apenas 36% das empresas incluem comunicação com os times como critério de desempenho da liderança. Além disso, somente 2% do tempo da área de comunicação interna é dedicado ao apoio direto aos gestores. 

Principais obstáculos: 

  • Falta de capacitação específica para comunicação estratégica; 
  • Insegurança para se posicionar como porta-voz interno; 
  • Pouca clareza sobre mensagens-chave e tom institucional; 
  • Ausência de canais estruturados e orientação prática. 

Mas quais são as competências essenciais da liderança comunicadora?

  • Clareza e consistência nas mensagens; 
  • Empatia e escuta ativa; 
  • Storytelling para contextualizar e inspirar; 
  • Inteligência emocional para lidar com emoções coletivas e individuais. 

Para o desenvolvendo líderes comunicadores é necessário:

  • Treinamentos específicos para comunicação estratégica; 
  • Incentivo à cultura de segurança, que promove mais abertura a escuta, sem recriminações; 
  • Construção de canais e ferramentas internas eficientes para comunicação direta; 
  • Apoio contínuo das áreas de comunicação aos gestores por meio de materiais de cascading. 

Boas práticas: o caso de uma empresa brasileira em transformação

 Uma empresa brasileira com mais de 50 anos de atuação, ao passar por um processo completo de rebranding e reposicionamento de marca, decidiu enfrentar esse desafio de frente. Promoveu o Treinamento Líder Comunicador com 30 gestores de diferentes áreas, preparando-os para serem multiplicadores dos novos valores e porta-vozes da transformação. 

O programa trabalhou competências como storytelling, comunicação não verbal, alinhamento com as mensagens da nova marca e uso estratégico de canais internos como WhatsApp corporativo e newsletters visuais. Além disso, iniciou-se a criação de um Ecossistema de Canais, redesenhando a comunicação interna para que fosse mais fluida, integrada e próxima do dia a dia das equipes. 

A iniciativa ainda mapeou influenciadores internos com alto potencial de engajamento para apoiar a mudança nos 90 dias pós-lançamento da nova marca. Resultado: maior alinhamento, mais clareza e uma adesão mais espontânea ao novo posicionamento. 

Mensuração e acompanhamento são essenciais para a gestão de mudanças

  • Indicadores de impacto comunicacional durante a transformação; 
  • Avaliação contínua da eficácia da comunicação interna liderada por gestores. 

Uma pesquisa sobre resiliência organizacional (BPAS, 2024) destaca a importância do feedback contínuo e comunicação aberta liderados por gestores como fatores essenciais para fortalecer a resiliência das equipes frente às mudanças. 

Reforçar o papel do líder como comunicador não é apenas estratégico — é essencial para sustentar processos de transformação. Empresas que desejam transformar sua cultura precisam investir em líderes capazes de comunicar com autenticidade, clareza e inspiração. 

Colaborou neste artigo, Denise Pragana Videira, gerente de Atendimento do Núcleo de Comunicação Interna do Grupo Trama Reputale.