Se você trabalha com Marketing Digital, já percebeu: o jogo mudou. Não basta mais seguir o calendário promocional com ofertas clichê.
As marcas mais relevantes são aquelas que se conectam com o comportamento das pessoas e, claro, com diferentes contextos da atualidade que estão ligados a ele. São empresas que, verdadeiramente, conseguem dialogar, provocar, escutar, se reinventar e, por esse caminho, viram assunto nas redes.
Reunimos, aqui, campanhas que quebram padrões – do Dia dos Namorados ao universo pet – e que nos dão uma boa amostra dessa visão de conexões reais.
Mais do que viralizar: gerar conexões verdadeiras
Se no passado o Marketing Digital chegou para somar ao tradicional e fez com que campanhas pudessem se tornar virais, na atualidade, há um potencial ainda mais valioso que o alcance: o de gerar conexões verdadeiras, a partir de ações “fora do comum”.
“Não existe mais fórmula para chamar atenção. Mas existe fórmula para gerar conversa: ser relevante no tempo certo”, comenta Helen Garcia, diretora de Comunicação Integrada do Grupo Trama Reputale.
Confira alguns exemplos que mostram como as marcas estão fazendo isso de forma ousada, bem-humorada e inteligente!
Romantismo em Desconstrução
O Dia dos Namorados deste ano virou um playground criativo para marcas que querem se conectar com mais gente, saindo do clichê de casais felizes. Quer exemplos? Então olha só o que essas marcas fizeram:
Aramis | (Ex)Change: promoveu uma troca de presentes de ex por looks novos, com humor e identidade.
A campanha transforma a ideia de desapego no Dia dos Namorados em uma iniciativa inovadora com humor e propósito. Ao oferecer descontos na compra de novas peças para quem doar roupas de um ex-parceiro (em bom estado e dentro das categorias válidas), a marca escapa do romantismo habitual da data e introduz uma abordagem interativa e simbólica: abrir espaço para o novo, literalmente.
A ação, além de promover vendas, cria uma narrativa forte de renovação, ressignificação e leveza, elementos que estimulam o engajamento emocional e social com o consumidor.
Essa estratégia também ganhou fôlego nas redes sociais, ao converter um gesto individual, devolver a roupa de um ex, em algo coletivo e falado. A campanha estimulou o compartilhamento de histórias, memórias e conversas.
O discurso do diretor de marca, que a descreve como “um convite para ressignificar o passado de forma leve e vantajosa”, reforça a intenção da ação: gerar conexão e diálogo real entre marca e público.
Gatorade: transformou a dor de término em energia para superação esportiva.
A campanha propôs uma metáfora poderosa: a dor de um término amoroso se transforma em combustível emocional para conquistar novos objetivos esportivos.
A iniciativa mostrou como a vulnerabilidade, experiências dolorosas, como o fim de um relacionamento, podem fortalecer e impulsionar a performance atlética. Ao usar a música “Love Hurts” como trilha sonora, a marca reforça com sensibilidade o conceito de que a verdadeira força, muitas vezes, nasce da superação da dor emocional.
A narrativa convidou o público a refletir sobre suas próprias feridas emocionais e como transformá-las em energia para alcançar metas pessoais, sejam esportivas ou de vida. Essa abordagem humaniza e estreita sua conexão com o consumidor.
Essas estratégias ressoam porque conversam com uma geração que está cada vez mais aberta a narrativas menos idealizadas e mais autênticas.
Em tempos de redes sociais, onde a vida é exposta sem filtros (e, também, sem romantização), campanhas que falam sobre términos, recomeços e amor-próprio são de impacto enorme por conseguirem viabilizar algo muito relevante: gerar identificação imediata.
“As pessoas querem se ver nas histórias contadas pelas marcas e isso inclui as dores, as fases de transição e os momentos fora do script clássico do romance feliz”, comenta Helen.
Criatividade que foge do óbvio
Quando o briefing é inusitado e, o canal, inesperado, nasce o buzz. É exemplo que você precisa para visualizar esse acontecimento?
Veja só esses que separamos para nossa reflexão aqui:
WHISKA | The Purrcast: um podcast apresentado por gatos (sim, literalmente).
O podcast The Purrcast, da Whiskas, é apresentado por gatos dublados com vozes humanas, que filosofam, debatem hábitos e ironizam comportamentos dos tutores.
A iniciativa combina conteúdo de marca com entretenimento, com trilha sonora, miados e ronrons, e inverte a lógica tradicional do storytelling ao fazer os felinos falarem por si, reforçando o posicionamento da marca como especialista no universo felino de maneira leve e altamente compartilhável.
A ação também amplia a presença digital da Whiskas, atingindo plataformas como Spotify e sintonizando com a geração de tutores mais engajada no ambiente online.
McCain + Cinemark | Dia da Batata: criou uma data inusitada para unir comida, cinema e storytelling.
Esse é outro exemplo inovador. Para transformar esse dia em uma experiência de marca, as redes Cinemark de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais passaram a oferecer, entre 29 de maio e enquanto durasse o estoque, um combo exclusivo: batata‑frita McCain, molho, refrigerante e água, acompanhado por uma pelúcia fofa no formato do balde de batata do cinema.
A ação une o sabor da batata frita ao entretenimento cinematográfico, criando uma experiência lúdica, memorável e emocional, um verdadeiro storytelling físico que celebra a cultura snack‑cinema e reforça o relacionamento afetivo entre marca e público.
Cultura local, fandom e tribos digitais
As marcas também estão se infiltrando em nichos e subculturas com propriedade porque entenderam que, no cenário atual, conversar com todo mundo ao mesmo tempo é menos eficaz do que dialogar com profundidade com públicos específicos.
Vamos repetir: conversar com todo mundo ao mesmo tempo é menos eficaz do que dialogar com profundidade com públicos específicos!
Isso porque as tribos digitais, os fandoms e as comunidades hiperconectadas valorizam marcas que falam sua linguagem, compartilham seus códigos e respeitam suas referências culturais.
“Em vez de buscar audiência massiva, essas marcas miram relevância segmentada e, com isso, conseguem gerar mais engajamento, lealdade e identificação real”, reforça Garcia.
Percebam isso nos cases abaixo:
Monster | sabor Rio: trouxe novo produto que homenageia a identidade da cidade.
A marca lançou uma nova bebida energética que homenageia o espírito vibrante da cidade do Rio de Janeiro. A embalagem trouxe uma estética tropical e urbana, com elementos gráficos que evocam o pôr do sol, a icônica calçada de Copacabana, as ondas e o ritmo acelerado da vida carioca.
Adidas Pet: lançamento de uma coleção para animais, abraçando o universo pet com estilo.
A Adidas apresentou sua entrada no universo pet com uma coleção esportiva exclusiva, que traduz seu lifestyle característico para o universo dos animais de estimação. A linha inclui camisetas, moletons, jaquetas e coleiras com a icônica listra tripla da marca, adaptadas para o conforto e mobilidade dos pets.
O que essas campanhas têm em comum que IA nenhuma faz?
Todas essas campanhas têm em comum o fato de partirem da escuta e da observação atenta do comportamento. Elas são construídas em cima de conversas reais, não de fórmulas prontas.
Em tempos de IA, onde fica fácil “empurrar” mensagens genéricas para todo mundo, essas marcas optam por gerar identificação genuína, criando diálogos com comunidades específicas.

Helen Garcia, diretora de Comunicação Integrada
“Elas sabem que, no ambiente digital, o que engaja de verdade é aquilo que tem timing, autenticidade e coragem. Ao substituir o velho grito de venda por narrativas culturalmente relevantes, elas não apenas vendem: elas participam, provocam, pertencem”, finaliza Helen.
Curadoria de conteúdos e experiências digitais
Isso não acontece por acaso. Por trás dessas iniciativas existe um trabalho refinado de curadoria, planejamento de conteúdo e análise de dados.
O marketing digital deixou de ser apenas sobre presença em canais: trata-se de compreender profundamente o que está sendo falado, em que tom, por quem, e como a marca pode entrar nessa conversa de forma legítima.
Ferramentas de Social Listening, estudo de tendências e estratégias de segmentação são fundamentais para criar campanhas com alta capacidade de ressonância. Criatividade e cultura só se encontram de verdade quando existe método por trás.
Como sua marca pode aprender com isso?
A principal lição aqui é que criatividade não é improviso: é estratégia aplicada com sensibilidade. E isso começa com a escuta: usar ferramentas de Social Listening, entender o que move seu público, mapear microtendências e mergulhar de cabeça no comportamento real das pessoas.
Pensar com mentalidade digital é planejar para o algoritmo, sim, mas também para a pessoa por trás da tela. Criar para compartilhar, para engajar, para comentar — e não apenas para expor.
E mais do que tudo: é entender que coragem criativa só funciona quando vem acompanhada de intenção. Por isso, o marketing digital precisa deixar de ser um “apoio” e se tornar a espinha dorsal da comunicação de marca.
Quer construir uma marca mais ousada, criativa e culturalmente relevante? Fale com o time de Digital da Trama. A gente conecta estratégia com comportamento — e transforma escuta em campanhas memoráveis.