Por que falar sobre Liderança Comunicadora?
Em muitas organizações, a Comunicação Interna enfrenta um dilema silencioso, mas recorrente: como engajar os líderes para que eles se tornem, de fato, agentes estratégicos da comunicação com seus times?
Não basta abrir canais, enviar informativos ou lançar campanhas criativas. Se a liderança não atua como ponto de conexão entre estratégia, cultura e pessoas, a comunicação enfraquece. Pior: corre o risco de soar artificial, imposta e sem credibilidade.
“A liderança comunicadora é, cada vez mais, uma competência-chave para organizações que buscam engajar, reter e alinhar seus talentos ao propósito institucional. No entanto, transformar líderes técnicos em líderes comunicadores não é uma tarefa espontânea. Exige clareza de papéis, apoio da área de Comunicação Interna e, acima de tudo, a compreensão de que a cultura organizacional se fortalece (ou se fragmenta) a partir das interações humanas no dia a dia”, comenta Leila Gasparindo, CEO do Grupo Trama Reputale.

Leila Gasparindo, CEO do Grupo Trama Reputale.
Cultura e Propósito: a liderança como espelho da organização
A liderança é, na prática, o reflexo da cultura da empresa. Espera-se que os gestores sejam tradutores vivos do propósito organizacional, agindo com coerência, promovendo atitudes desejadas e sendo referência no trato com as pessoas.
“É essencial que os líderes não apenas compreendam, mas também vivenciem e comuniquem de forma autêntica os princípios que norteiam a organização”, reforça Leila.
Por outro lado, a ausência desse comportamento pode gerar ambientes desmotivadores e desconectados dos objetivos estratégicos da organização.
E é justamente nesse ponto que a Comunicação Interna deve agir como facilitadora: fornecendo ferramentas, formação e estratégias para que os líderes se tornem, de fato, protagonistas na cultura da comunicação.

O que fizeram Veracel e Hcor para desenvolverem Líderes Comunicadores?
Transformar líderes em comunicadores eficazes exige mais do que boa vontade. É um processo estruturado, com etapas claras e acompanhamento contínuo.
A seguir, apresentamos um plano de ação com 5 passos bem práticos para você implementar agora mesmo aí na sua empresa. De quebra, saiba como os clientes da agência – Veracel e Hcor – trabalharam essa temática em suas equipes:
1. Diagnóstico: entender antes de agir
- Mapear percepções dos colaboradores sobre a comunicação da liderança;
- Identificar pontos fortes e lacunas nos diferentes níveis de gestão.
Esta etapa é fundamental. Não é possível melhorar o que não se conhece. Um bom exemplo vem da Veracel, empresa do setor de celulose, que conduziu um diagnóstico interno e identificou cinco competências-chave que precisam ser mais fortalecidas entre suas lideranças. A partir disso, construiu uma jornada de desenvolvimento personalizada e orientada por dados.
2. Capacitação: formar com base em necessidades reais
- Criar trilhas de desenvolvimento focadas em competências que estão mais em falta;
- Realizar workshops práticos, com simulações e estudo de casos do cotidiano.
Foi esse movimento que deu origem a um projeto de desenvolvimento de lideranças na Veracel, que faz parte de um programa contínuo para transformar competências em comportamento, pensando nos desafios do líder de hoje e do futuro.
3. Apoio no dia a dia: conteúdo com contexto
- Produzir roteiros de conversa com temas prioritários para líderes usarem com suas equipes;
- Enviar áudios ou vídeos curtos com mensagens-chave para serem replicadas com autenticidade.
Durante o processo de desenvolvimento, os líderes necessitam, mais do que conhecimento. Precisam de suporte prático sobre o que e como comunicar. Isso garante consistência no tom de voz da organização e segurança na atuação dos gestores.
4. Acompanhamento e feedback: evoluir com escuta e dados
- Criar um canal direto entre Comunicação Interna e lideranças para dúvidas e sugestões;
- Monitorar indicadores de engajamento, clima e comunicação, ajustando o plano com base nos resultados.
Um exemplo de sucesso é o do nosso cliente Hcor, referência na área da saúde, que mantém mensalmente uma agenda com cerca de 180 líderes, alinhando mensagens-chave e promovendo uma escuta ativa para entender os desafios reais da liderança na ponta.
5. Reconhecimento: valorizar boas práticas
- Divulgar e premiar iniciativas de líderes que se destacam na comunicação com seus times.
- Criar programas de “embaixadores da cultura”, reconhecendo comportamentos alinhados ao propósito organizacional.
Valorizar o exemplo é uma das formas mais eficazes de reforçar comportamentos desejados e inspirar outros líderes a seguir o mesmo caminho.
Liderança humana e inteligência artificial: aliados com funções distintas

Com o avanço da IA, as áreas de Comunicação têm utilizado tecnologias para otimizar fluxos, sugerir conteúdos e personalizar mensagens em escala. E isso é positivo.
“A automação de processos libera tempo e permite à CI atuar de forma mais estratégica”, aponta Gasparindo.
No entanto, quando se trata de comunicação entre líderes e suas equipes, a sensibilidade humana é insubstituível. A IA pode estruturar uma apresentação, sugerir palavras ou revisar uma fala. Mas é o líder, com sua vivência, escuta e autenticidade, que transforma essa comunicação em conexão real.
“Não é incluir uma ‘coisa a mais’ na agenda do gestor, mas sim, facilitar esse caminho, oferecendo suporte, ferramentas, formação e escuta. Mais do que convencer, é preciso cocriar com os líderes. Esse é o papel da CI das empresas a partir de agora”, finaliza Leila.
Comunicar é cuidar
No fim das contas, comunicar é também cuidar. E todo líder que se propõe a comunicar com verdade, clareza e propósito está, na prática, fortalecendo sua equipe e sua organização.
Mais do que uma habilidade complementar, a comunicação se torna parte central da liderança contemporânea — ainda mais em tempos de mudanças, tecnologias emergentes e necessidade constante de engajamento. Cabe à comunicação interna assumir seu papel estratégico, transformando gestores em comunicadores e líderes em verdadeiros embaixadores da cultura.
