O Cenário Atual do Setor de Ensino Superior Privado - Trama
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O Cenário Atual do Setor de Ensino Superior Privado

Foi fácil prever o fim da expansão da demanda de alunos para o setor de ensino superior privado. Bastou acompanhar os indicadores demográficos, de matriculados no ensino médio e de renda. Dessa forma, desde 2001 já sabíamos que a partir de 2005 o crescimento da demanda de ingressantes seria muito pequeno, quando comparado com o período de 1997 a 2003, que chegou a ser de mais de 150% no total.

Também foi fácil concluir que muitas IES iriam passar por dificuldades a partir de 2005 e, inclusive, ousar prever o fechamento de algumas centenas dessas instituições. Bastou para isso perceber o movimento de abertura de novas IES e do aumento do número de cursos e vagas, muito acima dos percentuais de crescimento da demanda. Bastava um simples raciocínio para verificar que uma brutal “diluição da demanda” estava se configurando no horizonte das IES privadas, com conseqüente aumento da taxa de ociosidade para patamares insustentáveis (hoje mais do que 50% das vagas do setor privado estão ociosas).

Atualmente, no entanto, ocorre um movimento mais impactante dos que os descritos acima, que não foi identificado nem previsto por ninguém. Trata-se da consolidação do setor. A consolidação aqui se refere ao movimento de ampliação, aquisição e fusão de IES, gerando grandes instituições que passam a concentrar boa parte do alunado do país.

Do mesmo modo que ocorreu com diversos setores da economia, como supermercados e bancos, o setor de ensino privado deflagra uma “corrida de gigantes” rumo a uma maior concentração de alunos e possibilidade de economia em escala. Os grandes grupos educacionais tornam-se maiores a cada dia, aumentando muito a dificuldade das pequenas IES em manterem-se competitivas.

De um lado, temos as grandes IES, em permanente expansão com o objetivo de atuarem em todo o território nacional. Nessa categoria estão a mantenedora da Universidade Estácio de Sá, com os seus 180 mil alunos espalhados por 56 unidades em 11 unidades da federação. Está também a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) com seus mais de 50 mil alunos, presentes em seis estados e no Uruguai.

Além das grandes IES, surgem no mercado as “holdings educacionais”, que, em sua maioria, são conjunto de instituições mantidas pela mesma mantenedora, que passam a atuar no modelo de holding.

Na modalidade de “holding educacional” temos a Anhanguera Educacional, uma SA com 14 instituições presente em 10 cidades e com planos de expansão para 25 cidades. A Anhanguera recebeu, há um mês, um aporte de capital de U$S 12 milhões do IFC (Banco Mundial) para acelerar seu processo de expansão.

Além dos grupos e “holdings” já consolidados, temos ainda outros em fase inicial. A Laureate Internacional, que adquiriu a Universidade Anhembi Morumbi ano passado, negocia a compra de pelo menos outras cinco IES de grande porte, podendo vir a se tornar um dos cinco maiores grupos do país.

Temos ainda o Apollo Inc., que após desfazer a sociedade com o Pitágoras, procura agora outra IES para ser adquirida. Especula-se também sobre a possibilidade de mais dois ou três grupos internacionais estarem tentando entrar no Brasil. Um deles teria possivelmente concedido um mandato à empresa Paulo Renato Consultores para negociar em seu nome com IES brasileiras.

A consolidação não pára por ai. Há ainda uma dúzia de novos candidatos à holding ou grupo educacional tentando se estabelecer. O resultado disso (além da consolidação), é a geração de economia em escala com pressão sobre os valores médios de mensalidade, que tenderão a cair ainda mais, dificultando a vida das pequenas IES.

Há pouco tempo não se falava em “economia de escala” do setor, pois o maior custo é a folha de pessoal e nesta não se aplicava o ganho em escala. Com a inserção das novas tecnologias da informação no contexto da relação ensino/aprendizagem, integradas a projetos de unificação de matrizes curriculares, o ganho em escala passou a ser mais significativo no setor educacional.

Com os grandes grupos ou holdings tomando conta, sobram apenas as seguintes opções para as pequenas IES: (a) estabelecerem-se em cidades onde os grandes grupos não têm interesse de entrar; (b) encontrar um nicho de mercado e criar diferenciais para serem reconhecidas como referência no nicho; (c) serem vendidas para os grandes grupos.

Quando fazemos a sondagem do mercado percebemos que as IES que estão bem são aquelas que apresentam gestão mais eficiente, independente de ser tradicional ou não, generalista ou especializada. No entanto, as IES muito pequenas e que não atuam em nichos específicos de mercado (como FGV, IBMEC) estão vivendo seu pior momento. Nos grandes centros está ocorrendo uma desconfiança generalizada por parte dos jovens com relação às pequenas IES, devido ao noticiário da mídia que fala da falência e fechamento de muitas delas. Nas pesquisas da Hoper, já percebemos um receio por parte do jovem em entrar numa IES pequena, pouco conhecida, por não saber se ele conseguirá concluir seu curso.

As IES não podem mais se dar ao luxo de não compreenderem a importância da necessidade de modificar a gestão, não apenas profissionalizando seus diversos setores, mas também levando os conceitos de gestão ao ambiente acadêmico, inclusive e principalmente, para a sala de aula, pois atualmente, é possível, ao mesmo tempo, aumentar a qualidade do ensino e reduzir os custos da instituição.

Carlos A. Monteiro
Presidente da CM Consultoria

Ryon Braga
Presidente da Hoper Consultoria


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