O maior estudo sobre obesidade infantil realizado no país em uma única cidade e faixa etária aponta que pelo menos uma entre três crianças de 7 a 10 anos apresenta sobrepeso ou obesidade. O levantamento foi realizado entre setembro e dezembro do ano passado com 10.821 estudantes de escolas públicas e privadas da cidade de Santos, em SP, pela Universidade São Marcos, com apoio da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Secretaria Municipal da Saúde da Prefeitura do Município de Santos.
Os dados indicam que 15,74% dos pequenos apresentam sobrepeso e 17,97% são obesas. Segundo o coordenador da pesquisa, o médico Mauro Fisberg, a parcela de crianças com excesso de peso supera muito a taxa de 5% considerada aceitável para todas as faixas etárias.
Os resultados são alarmantes, segundo Fisberg, porque as crianças com este perfil são potenciais candidatas s sofrer, na idade adulta, doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, problemas nos ossos e articulações e até câncer. “Cerca de 40% das crianças obesas e 80% dos adolescentes obesos serão adultos obesos”, complementa.
A pesquisa revela ainda que há maior incidência da obesidade nas escolas particulares e nos meninos. Na rede privada, 25,04% dos alunos são obesos, enquanto nas instituições de ensino públicas este número cai para 15,5%. O problema afeta cerca de 20,34% das crianças do sexo masculino e 15,78% do sexo feminino.
O médico alerta que o cenário brasileiro ainda não é tão grave quanto o norte-americano, mas já é maior que o europeu. “A Organização Mundial de Saúde estima que, em 2030, 100% da população dos EUA seja obesa, caso os hábitos alimentares não sejam alterados”.
A causa para o excesso de peso na infância, de acordo com o médico, é comportamental. “Os brasileiros incorporaram hábitos que nunca foram seus, como o fast-food e a livre substituição, ou seja, comer qualquer coisa a qualquer hora”. Ele observa que o problema deve começar a ser combatido pelos pais, dentro de casa. “Não adianta culpar a cantina da escola e atribuir a responsabilidade às instituições de ensino. Nós estamos deixando de lado a educação em casa”, avalia.
Próxima pesquisa
A Universidade São Marcos em parceria com a Unifesp vai iniciar uma segunda pesquisa do gênero com escolas públicas e privadas de São Paulo, com apoio do ILSI Brasil (International Life Science Institute), uma instituição que reúne governo, indústria e universidades, para investigações em Saúde e Nutrição. A pesquisa é parte das atividades da Força Tarefa de Controle de Peso e Atividade Física. A previsão é que os resultados sejam divulgados no próximo ano.
Sobre a Universidade São Marcos
A Universidade São Marcos foi fundada em 1970, com a inauguração da primeira unidade na região do Ipiranga, em São Paulo. Hoje, além de 7 unidades do campus em São Paulo, a instituição mantém um campus em Paulínia, região de Campinas. Ao todo, a Universidade oferece 23 cursos de graduação nas áreas de humanas, exatas, ciências e saúde e vários cursos de pós-graduação e extensão.
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