Em seu segundo ano, estudo contou com participação de 200 criadores de conteúdo e mostrou que setor está em fase de profissionalização
São Paulo, março de 2020 – Os creators têm ganhado cada vez mais visibilidade e possibilitando um diálogo mais próximo entre as marcas e seus consumidores. Estudo realizado pela Trama Comunicação mostra amadurecimento do setor, mas ainda dificuldades de precificação do trabalho dos creators e mensuração de resultados em médio e longo prazo, o que reforça que este é um segmento ainda em fase de profissionalização.
Com o objetivo de entender as constantes mudanças nesse cenário, a Trama Comunicação, agência de Relações Públicas com 24 anos de atuação, acaba de divulgar os resultados da segunda edição da pesquisa Creators & Marcas, realizada nesse ano, com mais de 200 influenciadores e criadores de conteúdo digital.
Em relação a edição anterior da pesquisa um número cada vez maior de creators está adotando cocriação para desenvolver junto com as marcas campanhas e conteúdo. “Os influenciadores têm ganhado um papel cada vez mais respeitado e participado do conceito criativo das campanhas”, afirma Leila Gasparindo, CEO da Trama. Mais de 40% participa do planejamento criativo junto com a marca, enquanto 60% ainda recebe o conceito e a mecânica prontas e apenas executa. Na primeira edição, a cocriação era uma prática muito pouco realizada.
O estudo mostra ainda que 17% confessam ter dificuldade de definir preços ou ainda não têm uma política de preços bem definida. Somente 23% atuam com preços fixados por formato/pacote e possuem media kit, enquanto 76% elabora o orçamento caso a caso, por volume de publicações e ações.
Mais de 31% dos entrevistados já contam com um assessor para gerenciar sua marca pessoal e negociar com as empresas patrocinadoras. As plataformas de relacionamento com as marcas mais usadas são o Squid (65%) e o Inflluency.me (20%). Entretanto, cerca de 75% realizam apenas ações convencionais e posts patrocinados por marcas com frequência predominantemente semanal ou mensal.
Para gerar maior engajamento, marcas e creators apostam em formas diferenciadas e mais estratégicas de atuação. Mais de 15% tem sido convidado pelo menos uma vez por ano para ser embaixador de marca e 62% tem sido convidado para apoiar causas. Mais de 90% dos respondentes recebem também convite diário ou pelo menos semanalmente para participar de eventos das marcas. Majoritariamente, mais de 97% afirmaram que a forma mais frequente de contato com as marcas é o recebimento de creators-kits, com produtos para degustação ou para teste. Ações também conhecidas como “recebidos”.
Sobre as formas de mensurar resultados pelas marcas, 36% responderam que o retorno mais esperado pelas empresas está no alcance da campanha, seguido por engajamento com 33% e conversão de vendas com 29%. Do total, 85% disseram que os seguidores interagem com os posts publicados por eles.
A pesquisa reflete a forma como creators e marcas pensam a mensuração de resultados: com foco no curto prazo e na geração de awareness. Cerca de 52% dos respondentes nunca tiveram o apoio de uma assessoria de comunicação que apoiasse o processo de alinhamento de seu conteúdo ao discurso de uma marca projetando resultados de médio e longo prazo.
Esse panorama reforça que as agências de comunicação têm um papel fundamental no processo de intermediação entre as marcas e os criadores de conteúdo. “As agências contam com um olhar mais direcionado em prol das estratégias que englobam valores e propósito e causas das empresas na construção de marcas. Em contrapartida, as agências também podem ajudar os creators na profissionalização do serviço oferecido por eles”, comenta Gasparindo.
Perfil dos entrevistados
Foram ouvidos 200 influenciadores nas seguintes categorias: Micro (até 100 mil), medium (de 101 a 500 mil), macro (de 501 a 999 mil), grandes audiências (acima de 10 milhões). A plataforma mais usada é o Instagram principalmente por influenciadores com até 999 mil seguidores, que representam 98%. No entanto, quando o perfil ultrapassa 1 milhão de seguidores o Youtube acaba liderando, com 65%.
A maioria dos creators (79%) respondentes está na faixa etária entre 26 e 40 anos, sendo que 52% deles têm de 26 a 40 anos. Mais da metade (51%) tem outra atuação além de creator. Predominante têm formação na área de comunicação (38%) e administração ou gestão (19%), sendo que 26% já trabalharam em outras áreas. Entre os assuntos que eles mais abordam estão Alimentação, Beleza, Moda, Viagem, Educação e Tecnologia.