Segundo análise, mudanças demográficas e modelos de cobranças insustentáveis devem forçar reestruturação e revisão de processos em organizações tradicionais
São Paulo, 20 de julho de 2018 – Um recente estudo da A.T. Kearney, consultoria de gestão de negócios com mais de 90 anos de trajetória global, e uma das quatro maiores do mundo, identificou sete drivers de mudanças que devem remodelar o futuro da saúde no Brasil.
“O setor da saúde está passando por transformações e enfrentando desafios devido a mudanças demográficas, custos crescentes e mudanças estruturais”, afirma Carlos Higo, sócio da A.T. Kearney no Brasil e um dos autores da análise. Em paralelo aos desafios, o estudo identifica mudanças positivas relacionadas a avanços tecnológicos e tendências no mercado que direcionam para uma melhoria em bem-estar, diminuição de doenças e novos padrões de prevenção e cuidado.
As sete tendências que devem conduzir as mudanças no setor de saúde incluem:
- Mudanças demográficas: Como a saúde vai se organizar para suportar o aumento de demanda por cuidados clínicos, devido ao envelhecimento e aumento de doenças crônicas, em um contexto de elevados custos?
2. Inovação: Quais capacitações os players tradicionais do mercado precisam desenvolver para competir e permanecerem relevantes enquanto novas tecnologias como de Inteligência Artificial ganham espaço?
3. Ciência: Como podemos, de forma imparcial e ética, aproveitar as possibilidades de avanços em tratamentos personalizados relacionados a áreas como a manipulação e o sequenciamento genético?
4. Paradigma do fornecedor: Como a indústria da saúde vai se adaptar a um contexto de maior empoderamento dos consumidores e aumento de expectativas com relação a acesso a informações, melhoria de qualidade e redução de custos?
5.Tratamento: Como o modelo tradicional de saúde vai se adaptar a um modelo mais pró-ativo e preventivo de engajamento na saúde por parte dos pacientes, prestadores e pagadores?
6.Dados dos pacientes: Como será possível disponibilizar dados dos pacientes para aplicações inovadoras e, ao mesmo tempo, possibilitar proteção contra ataques cibernéticos e garantir a privacidade e segurança dos pacientes?
7.Modelo de pagamento: Como ocorrerá a mudança do modelo de pagamento “fee for service” para um modelo de resultados e baseado no valor gerado para o paciente?
Mudança no modelo de cobrança
Entre as mudanças previstas para a indústria da saúde está a revisão do modelo de pagamento estabelecido pelas assistências médicas. “O aumento crescente de pagamento baseado em valor está transformando o modelo tradicional de assistência médica e impulsionando melhorias na prestação de serviços e exigindo melhores resultados a um menor custo”, afirma Joaquim Cardoso, consultor da A.T. Kearney especializado no setor de saúde e outro dos responsáveis pelo estudo. Ele explica que, no modelo que vigora hoje, o fee for service, o valor pago pelas operadoras às prestadoras é proporcional à quantidade de insumos utilizados. “É um modelo insustentável do ponto de vista financeiro, que estimula o desperdício e o aumento de custos para os planos e, consequentemente, para os pacientes.”
Devido ao contexto de elevados custos e perda de vidas cobertas por planos de saúde, a pressão das operadoras em cima dos prestadores, por mudança de modelo de pagamento, focado em valor e não em serviços, ganha cada vez mais espaço. O setor agora trabalha para entender e se adequar às mudanças.
Conclusões
Segundo os autores do estudo, a única certeza com relação ao futuro da saúde no Brasil é que a indústria vai estar muito diferente daqui a 10 anos. “Novos entrantes, mais competidores externos, mudança de modelo centrado nos pacientes, tecnologias e inovações e uma mudança de mentalidade para cuidado com saúde e não tratamento de doenças mudarão os rumos do setor”, diz Cardoso. “Tudo isso irá mudar a base de custos e reestruturar o modelo de negócios atual das companhias. Cada um dos drivers irá impactar os stakeholders da saúde de maneiras diferentes e será necessário que estes discutam as tendências de mudanças para potencializar as oportunidades e se organizem para endereçar os impactos negativos em cada uma das sete dimensões”, conclui Higo.