Ensinar a ler e escrever deve ser uma preocupação da escola e não apenas do professor de português - Trama
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Ensinar a ler e escrever deve ser uma preocupação da escola e não apenas do professor de português

A maioria dos alunos brasileiros dos ensinos fundamental e médio das redes estadual e particular demonstra grande dificuldade na leitura compreensiva. Para os educadores, parece óbvio que ensinar a ler e escrever é o foco de atuação central da escola, mas resultados apresentados por pesquisas como o Enem 2002 e o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de alunos) mostram que as instituições de ensino não estão conseguindo cumprir seus objetivos.

“O fracasso escolar de hoje é conseqüência do modelo de leitura e escrita ultrapassado que a maioria das escolas ainda utilizam. Neste formato antigo, ensinar ler e escrever é restrito às atividades de Língua Portuguesa”. Essa é a opinião de Maria José Nóbrega, uma das elaboradoras dos PCNS de Língua Portuguesa, assessora do MEC e da Secretaria de Educação do Estado de SP.

Maria José explica que o domínio da leitura e escrita é fundamental para o aprendizado de todas as disciplinas, portanto, esta é uma tarefa da escola e não de apenas uma disciplina. O assunto será discutido pela consultora do MEC em conjunto com outros profissionais da área no próximo dia 31 de janeiro, durante o evento “Ler e Escrever, compromisso de todas as áreas”, organizado pelo sistema de ensino Pueri Domus Escolas Associadas aberto para educadores de todo o país. A programação inclui a realização de oficinas para discutir com os professores como é possível fazer um trabalho para reverter este quadro.

Maria José explica que os professores precisam entender a importância desse assunto. O mau desempenho nesta área vai refletir na vida profissional do aluno. “Em qualquer área exige-se hoje um profissional com grande competência para ler e escrever. Com o grande volume de informações atualmente disponíveis, é necessário essa habilidade para poder eleger prioridades, selecionar os dados mais pertinentes”, enfatiza a educadora. Além disso, ela ressalta que hoje este domínio é crucial para que os alunos continuem aprendendo. “Ser um bom profissional hoje pressupõe ser um aprendiz”.

Além disso, uma deficiência neste setor impede as pessoas de exercerem plenamente sua cidadania. “Numa cultura oral como a nossa, a cidadania se exerce principalmente pela fala, mas atravessada pela escrita, pois o interlocutor tem que ser mais formal e capaz de discutir questões mais abstratas. Por outro lado, nessa mesma cultura a palavra impressa geralmente é sacramenta e as pessoas não têm o hábito de discutir. Somente com por meio de uma leitura crítica, o cidadão pode questionar e reclamar seus direitos”, acrescenta Maria José.

Como mudar esta realidade?
“O domínio da leitura e escrita só é conseguido por meio de exercício. Portanto, para formar um leitor proficiente, que chegue ao ensino médio com esta competência desenvolvida, alcance um bom resultado no vestibular e, posteriormente no mercado de trabalho, a escola precisa pensar neste objetivo já nas primeiras relações com aluno, ainda na educação infantil”, avalia.

E esta prática consta, inclusive nos PCNs. O documento mostra que o conteúdo de cada disciplina não incluem apenas os conceitos, mas também os procedimentos para aprender esses conceitos. “E a Leitura e escrita são parte desses procedimentos, não há como fugir”, ressalta Maria José.

Há diversas maneiras de colocar isto em prática, mas a educadora dá duas dicas bastante simples, que podem ser utilizadas por profissionais em todas as escolas, inclusive as mais carentes. “A primeira é o professor ler junto com os alunos os textos que veiculam as informações de sua área. Parece óbvio, mas muitos educadores pressupõem que o texto é auto-explicativo. A informação não é o que está escrito no papel, mas a construção que leitor faz a partir dos conhecimentos que já dispõe. Por isso é determinante que o professor ajude o aluno a ler e escrever os textos que circulam em sua área”, explica Maria José.

Os próprios professores têm que ser usuários leitura e escrita, mas são legitimados institucionalmente, por meio de um diploma, para passar o conteúdo para os estudantes. “A primeira coisa que este profissional tem que ter em mente é que o texto não é auto-explicativo. Para o aluno ser capaz de fazer juízos críticos e priorizar o que é importante, tem que ter um mínimo de bagagem de leitura”.

O professor também tem que ser convencido a abrir sua sala de aula para diferentes textos. “Mostro que ele pode explicar um conteúdo por meio dos veículos de comunicação e nada melhor para incentivar a leitura crítica do que trazer dois jornais diferentes, por exemplo. Os alunos vão começar a comparar e verificar que uma mesma notícia pode trazer informações diferentes. Daí por diante é automático o questionamento sobre qual está certo, se existem interesses por traz daquele conteúdo, etc”, avalia.

Histórias de Sucesso
Para Eliane Couto, diretora pedagógica do ensino fundamental de 5ª a 8ª série e ensino médio do Colégio Friburgo, este problema surge mais objetivamente a partir da 5º série, quando o aluno cai nas mãos dos professores especialistas, que se preocupam mais com a sua ciência do que com a linguagem.

O Colégio Friburgo é um exemplo de caso que já sentiu resultado com um trabalho planejado e interdisciplinar nesta área. Depois de dois anos de estudo, a escola desenvolveu um projeto interdisciplinar para incentivar os alunos a desenvolverem atividades de leitura e escrita, que não são as mesmas, segundo Eliane, pois exigem domínios, habilidades e procedimentos diferentes. Eliane também é uma das docentes do evento organizado pelo Pueri Escolas Associadas. Ela vai ministrar a oficina “Ciências Humanas”, dirigida a professores de História, Geografia, Filosofia, Sociologia ou outras disciplinas da área de Ciências Humanas.

A diretora da escola explica que os professores seguem um cronograma que determina qual domínio será estimulado em determinado período. “Por exemplo, num determinado mês, todos os professores estarão mobilizados a ensinar e identificar idéias principais e secundárias dentro de um texto. Junto com a coordenação e direção, todos planejam em conjunto como aplicar isto ao mesmo tempo em que ensinam o conteúdo da sua aula”, finaliza Eliane.

O sistema de ensino Pueri Domus Escolas Associadas é outra instituição que têm esta preocupação de despertar o interesse do aluno para o mundo da leitura e escrita, mostrando a importância disso em sua vida, desde a educação infantil. O material didático é pensando com este propósito, segundo a coordenadora de projetos especiais, Eloísa Ponzio.

“As aulas mostram para os alunos todas as modalidades possíveis de texto, como uma conta de luz, listas de comprar que a mãe faz para a feira ou supermercado, uma conta de luz, uma resenha de vídeo para escolher um filme na locadora”. Segundo Eloísa, estas situações verdadeiras fazer o estudante a entender a importância da leitura e escrita em sua vida, desde pequeno. Em paralelo, são organizados reuniões e eventos para capacitação profissional dos professores que vão aplicar o material.

Estatísticas
Na quinta edição do Enem, divulgados em dezembro, que contou com a participação de 1,3 milhóes de jovens de todo o país, 74% dos participantes obtiverem classificação de insuficiente a regular. O Relatório Pedagógico apresentado deixou claro: “a ausência do domínio da leitura compreensiva foi possivelmente a causa do resultado apresentado. Só a leitura superficial e fragmentada pode justificar a escolha de alternativas dissociadas do contexto”. O relatório deixa ainda como recomendação: “os resultados do Enem 2002 evidenciam que dentre os múltiplos desafios apresentados para a escola brasileira, o acesso ao aprendizado da leitura apresenta-se como o mais valorizado e exigido pela sociedade”.

Já os resultados do Saeb 2001 – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, divulgado em dezembro de 2002, mostram que houve uma queda na nota média dos alunos de todas em todas as provas e séries avaliadas. O Pisa (Programa Internacional de Avaliação de alunos), realizado em 2002 com o objetivo de comparar os estudantes brasileiros de 15 anos com outros países, teve seu foco na avaliação das habilidades de interpretação de texto e leitura crítica. O estudo revelou que os estudantes brasileiros de 15 anos aprendem muito menos do que em outros países.

Serviço
Curso: Ler e Escrever, compromisso de todas as áreas
Data: 31 de janeiro, das 7h30 às 17h
Endereço: Rua Verbo Divino, 993-A, Chácara Santo Antônio
Telefone: (11) 5687-3511
Preço: R$ 110,00 à vista ou 2 vezes de R$ 60,00 (palestra+oficina) e R$ 93,00 à vista ou 2 vezes de R$ 50,00 (somente oficina).

Sobre o Pueri Domus Escolas Associadas
Pueri Domus Escolas Associadas é uma associação formada por um grupo de 120 escolas particulares, localizadas em 18 Estados do Brasil. Essa parceria se efetiva por meio da utilização de publicações pedagógicas especialmente elaboradas para adoção das escolas associadas, que atendem aos segmentos de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Além da utilização dos livros, os associados participam de Encontros de Formação Contínua e recebem assessoria nas escolas, desenvolvendo a troca de experiências e a reflexão sobre suas práticas. São organizados, ainda, encontros com pais e alunos associados, com o objetivo de aproximá-los e de criar espaços para discussão de suas necessidades.

Descrição: Evento “Ler e Escrever, compromisso de todas as áreas”, organizado pelo Pueri Domus Escolas Associadas
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Descrição: Durante evento para educadores, profissionais mostram como o domínio da leitura e escrita repercute no desempenho dos alunos.
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