O primeiro sensor ultra-sônico nacional para bombas de infusão acaba de ser desenvolvido no país. A tecnologia é utilizada para detectar bolhas durante o processo de infusão de medicamentos em pacientes e reduz em 100% o risco de embolia. A solução foi desenvolvida pela BGE Médica, empresa instalada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec/USP), e já começa a ser utilizada por fabricantes de bombas de infusão em todo território nacional.
A expectativa é que o dispositivo substitua o sensor ótico usado até então nas bombas de infusão no país. Segundo especialistas, o sensor ótico apresentava maior risco de falhas porque em caso de medicamentos opacos não conseguia identificar bolhas. “O dispositivo que desenvolvemos permite o bloqueio do processo de infusão de medicamentos se for detectada qualquer tipo de bolha e a tecnologia ultra-sônica é hoje a única que possibilita esta identificação mesmo com medicamentos opacos”, explica José Carlos Borges, engenheiro eletrônico e diretor da BGE Médica.
Tecnologia similar foi desenvolvida apenas por países como o Japão e a França. O Brasil possui hoje cinco fabricantes de bombas. Um deles, a Celm, é pioneira no uso da nova tecnologia. A expectativa é que neste ano mais de 2 mil bombas de infusão da marca saiam de fábrica com os novos sensores ultra-sônicos. A expectativa é atender as demais indústrias e atingir uma produção de 10 mil unidades ao ano. O custo do produto é de R$ 30 cada.
Instalada no Centro Incubador desde 99, a BGE Médica decidiu investir no desenvolvimento da tecnologia depois de detectar a necessidade no setor médico-hospitalar. “Buscamos atender segmentos pelos quais grandes fabricantes não se interessam, por se tratarem de aparelhos com baixo volume de pedidos e muito especializados”, afirma Borges.
Novo produto ainda em desenvolvimento
Outras tecnologias em fase final de desenvolvimento na incubada são os estimuladores de músculos e localizadores de nervos. Os equipamentos terão preço mais baixo em relação ao importado. Os estimuladores serão comercializados no país a um preço de R$ 2.400 e os localizadores a R$ 1.200, contra os similares importados vendidos respectivamente a US$ 3.500 e US$ 800.
A empresa pretende atingir o mercado de 10 mil anestesistas e 1 mil cirurgiões pediátricos. Em médio prazo, a incubada iniciará exportações. “Temos como meta atender regiões como a América Latina, África e Oriente Médio. Países destas regiões têm necessidades parecidas com as do Brasil e possuem demanda para este tipo de produto”, analisa Borges.
Sobre a BGE
A BGE Médica é uma empresa instalada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec/USP), que desenvolve soluções para nichos específicos do mercado médico-hopsitalar. Incubada desde 99, a BGE é formada pelo engenheiro eletrônico José Carlos Borge e pela assistente social Wilma Regina Borges. Com investimento inicial de R$ 30 mil, a empresa pretende expandir suas atividades com o auxílio de investidores e iniciar a exportação para a América Latina.
Sobre o Cietec
Um dos mais importantes centros incubadores do país, o Cietec foi criado em abril de 98 por um convênio entre a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, o Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), a USP (Universidade de São Paulo), o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). O centro incubador é uma nova forma de incentivo ao desenvolvimento de tecnologia, muito popular no exterior e que está a cada dia se fortalecendo mais no Brasil. Seu objetivo é incubar empreendimentos de base tecnológica de forma a ampliar o índice de sobrevivência e a competitividade dessas empresas, objetivando o crescimento da economia brasileira, o aumento da geração de empregos qualificados e de melhores resultados na balança comercial brasileira.