Impeachment de Dilma Rousseff, Operação Lava Jato e eleições presidenciais contribuíram para o declínio; apesar da queda, o fluxo de investimentos estrangeiros diretos (IED) no País aumentou 4% no último ano.
São Paulo, 08 de maio de 2018 – A consultoria estratégica A.T. Kearney, uma das quatro maiores do mundo, acaba de divulgar a edição 2018 de seu índice global de confiança para investimentos estrangeiros diretos. O Brasil, que em 2016 figurava em 12º no ranking de destinos preferidos para investimentos, em 2017 caiu para a 16ª colocação, e este ano perdeu mais nove posições, aparecendo em 25º lugar.
“Entre 1998 e 2013, o Brasil sempre esteve entre os primeiros colocados. O Brasil, junto com os outros emergentes, estão fora de moda neste momento, lamenta François Santos, partner da A.T. Kearney Brasil especializado em análises econômicas. De fato, segundo o estudo da A.T. Kearney, o Brasil foi o país que experimentou o maior declínio entre aqueles do ranking.
O contínuo declínio do Brasil no ranking é atribuído às incertezas econômicas e à percepção de má gestão política no País. A A.T. Kearney afirma que questões como o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, as denúncias contra o presidente Michel Temer e as investigações de corrupção como parte da Operação Lava Jato seguem abalando o sistema político brasileiro. “Essas tensões geram incertezas que poderão ser dissipadas após a posse do próximo presidente”, diz Santos.
Do ponto de vista econômico, embora a passos bastante pequenos, o Brasil parece dar sinais de recuperação. Depois de uma severa recessão nos anos de 2015 e 2016, o Fundo Monetário Internacional (FMI) diz que a economia do País voltou a crescer em 2017, e deve registrar crescimento em torno de 2% em 2018 e 2019.
Um país com potencial
Embora venha enfrentando desconfiança dos investidores, o Brasil consegue se manter entre os top 25 em todas as edições da história do índice. “As incertezas econômicas e políticas são equilibradas pelo tamanho do mercado brasileiros, que mantém o país como um destino atraente para investimentos estrangeiros diretos”, analisa Santos.
O estudo afirma que, apesar da instabilidade econômica e política, o Brasil continua como a maior economia da América Latina e, portanto, representa um importante mercado para os investidores. De fato, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) estima que os investimentos estrangeiros diretos para o Brasil cresceram 4% em 2017, totalizando cerca de US$ 60 bilhões, e diz que o País responde por 90% das grandes aquisições estrangeiras na região.
A China é um dos principais investidores no Brasil, com injeções de mais de US$ 6 bilhões no setor de Energia brasileiro.
Emergentes
De maneira geral, as economias emergentes deixaram de ser destinos atraentes para os investidores. A China, por exemplo, caiu duas posições, passando de terceiro para quinto lugar no ranking. E a Índia deixou os top 10 pela primeira vez desde 2015. Este ano, apenas quatro países emergentes aparecem entre os 25 destinos preferidos para o investimento estrangeiro: China (5º), Índia (11º), México (17º) e Brasil (25º).
Primeiros colocados
As quatro primeiras colocações do ranking permanecem inalteradas desde 2016, com Estados Unidos na liderança, seguido por Canadá, Alemanha, Reino Unido e China. Atrás deles aparecem Japão, França, Austrália, Suíça e Itália.
O índice A.T. Kearney Foreign Direct Investment Confidence é construído com base em uma pesquisa realizada pela consultoria junto a 500 executivos sêniores de empresas de 29 países com receita anual superior a US$ 500 milhões. Aqui você encontra a íntegra do relatório da A.T. Kearney.